Este é o último domingo do ano litúrgico. Um ano atravessado pelo espesso
nevoeiro de uma guerra à nossa porta e que perdura há já quase dois anos, na
Ucrânia; uma outra sangrente iniciada a 7 de setembro, no Médio Oriente, entre
judeus e terroristas palestinianos. Entre mortos e feridos, ainda que à distância,
não é legítimo passar ao largo, ficar indiferente, fechar os olhos para não ver o
irmão ferido e tratar as suas feridas, quanto mais não seja, através da nossa
solidariedade e oração. No fim da vida, o balanço será feito pela balança do amor
que tivermos uns pelos outros.
Votos de um Santo Domingo e de uma semana abençoada
Meu Rei e Senhor, submeto a ti a fome que me importuna, para que se faça trigo do
Teu Reino,
Submeto a ti a sede que me faz fluir para que seja fecundidade nos jardins do teu
povo.
Colho do teu acolhimento um colmo que abrigue os teus filhos que dormem ao
relento,
Tomo o amor com que me revestes, para partilhar em agasalho com os despojados.
É a Tua presença na minha vida que reparto com os sós, os tristes, os mais frágeis.
Senhor, nunca me deixes apodrecer a atenção que desinstala, a solicitude que cuida,
o amor que inventa caminhos…
É bom recordarmos hoje o teste definitivo da nossa existência. Esta será a pergunta:
«que fizeste tu a esse irmão que encontraste a sofrer no teu caminho»? Nós
gostaríamos de poder resolver tudo duma forma muito simples: dando dinheiro,
trazendo a nossa esmola e contribuindo nos peditórios! Mas as coisas não são tão
simples. «As exigências do amor que aqui se indicam não se satisfazem com o
dinheiro, pela simples razão de que a própria forma de adquirir esse dinheiro volta a
fazer crescer a pobreza que se quer remediar» (Joann Baptist Metz). O amor aos
necessitados não pode ficar reduzido a «dar dinheiro», até porque não tem sentido
mostrar a nossa solidariedade ao necessitado, com dinheiro adquirido, talvez de
maneira injusta e sem compaixão de nenhuma espécie! Para o homem bíblico, «dar
esmola» é mais do que isso: equivale a «fazer justiça» em nome de Deus, àqueles a
quem os homens a não fazem! O Senhor Jesus, nosso Rei, pede-nos para sermos
generosos com os nossos irmãos. Muito generosos no amor, mesmo que tenhamos
apenas alguns grãos de trigo... mesmo que sejamos pobres... Devemos ter a certeza
de que tudo o que fizermos aos outros é como se o fizéssemos a Jesus. Dar de comer,
de beber, de vestir. Dar o tempo a quem sofre da doença ou da solidão. Partilhar tudo
o que temos de bom pelos outros... é partilhá-lo com o nosso Rei! PNSH