Peregrinos de esperança, rumo à Páscoa, encontramo-nos, de novo, junto do Senhor, que
nos chama a subir com Ele ao monte santo da transfiguração, para nos abrir novos
horizontes no caminho da esperança. No passado domingo, ancorávamos em Cristo a nossa
vida, partindo com Ele, para o deserto. Foi o nosso ponto de partida, para sair da terra da
escravidão. Neste 2.º domingo da Quaresma, fixamos agora os olhos noutra pátria, na meta
última da nossa peregrinação: a nossa transfiguração, a nossa transformação em Cristo.
Votos de um Santo e Feliz Domingo da Transfiguração e de uma semana abençoada e
repleta de esperança.
Senhor Jesus, Tu és a única Esperança, na qual pomos os nossos olhos: faz-nos
sair e subir contigo ao monte da Transfiguração. Encoraja-nos, Senhor, a sair de
casa, a subir ao alto da esperança, donde vemos nós a vida toda. No cabo das
tormentas, por que tantas vezes passa a nossa vida, faz-nos ancorar a nossa
esperança, na Tua Páscoa gloriosa! E, pela força da oração, dilata os nossos
desejos, ensina-nos a esperar só de Deus, a esperar só em Deus e a esperar só a
Deus. Tu que és Deus com o Pai e com Ele vives e reinas, na unidade do Espírito
Santo, por todos os séculos dos séculos.
São Paulo diz-nos hoje: «a nossa Pátria está nos céus, donde esperamos como
Salvador o Senhor Jesus Cristo». Ele é que «transformará o nosso corpo miserável
para o tornar semelhante ao seu corpo glorioso» (Fl 3,20-21)! Por isso e para isso,
é que Jesus nos convida a pôr os olhos nas alturas. Faz-nos ancorar a nossa vida
no monte santo da Transfiguração. Quando a subida do caminho da Cruz
começava a cansar e a assustar os discípulos, Jesus encorajou-os e ofereceu-lhes
a visão antecipada do futuro, mostrou-lhes a meta do caminho: a sua Páscoa
gloriosa. Na verdade, ao tomar consigo Pedro, João e Tiago, Jesus quer elevar os
seus corações até às alturas da Pátria celeste. Jesus não quer poupar os discípulos
à dureza da Cruz, mas quer ajudá-los a ver mais longe, a alcançar avisão completa
do mistério pascal, da sua paixão, morte e ressurreição. Sobe com eles ao alto
monte, porque “só do alto da esperança vemos nós a vida toda”, como escreveu
Fernando Pessoa, com tanta graça: “Do alto da torre da igreja / Vê-se o campo
todo em roda. / Só do alto da esperança / Vemos nós a vida toda”.