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Sob o signo da fé e da racionalidade2015-07-10
A escassos dias de celebrarmos os nossos santos patronos, Tiago, José e António, ocorre-me escrever apenas algumas linhas para recordar a importância das festas, sejam elas pequenas ou grandes, simples ou elaboradas, dentro das quatro paredes da igreja ou fora delas. As festas, e particularmente as de cariz religioso onde a dimensão profana se mistura, são momentos privilegiados para o encontro das pessoas entre si. As famílias reúnem-se para conviver, aproveitando a presença saudosa dos que ao longo do ano estão emigrados e, por isso, longe da terra e dos seus, os amigos reencontram-se, os vizinhos escancaram as portas das suas casas, até as tensões se dissipam ou pelo menos se atenuam. É bom, é salutar fazer festa. A festa faz parte da vida. Sem esta dimensão festiva, alegre e convivial o ser humano mergulha na depressão, definha e apaga-se. A religião, e particularmente a cristã, presta-se à festa, ao convívio e empresta o seu colorido e a sua alegria. É, até, o seu pretexto. Senão vejamos: - Em cada Domingo, celebramos a Festa da Páscoa semanal que é encontro da comunidade com Cristo Ressuscitado através da Eucaristia; - O ano civil e litúrgico são inaugurados por duas grandes solenidades: Santa Maria, Dia Mundial da Paz e Cristo Rei. Todo o Ano Litúrgico é perpassado por festas e solenidades, tendo o Natal e a Páscoa por seu cume e ápice; - No decorrer do ano, a catequese oferece às crianças e suas famílias ricas oportunidades para fazer festa; - O verão é eminentemente festivo: Nossa Senhora, sob uma multiplicidade de títulos e invocações, os santos patronos das igrejas locais, chamam o povo a si e convidam-no a fazer festa. Permitam-me que evoque, neste momento, aqueles que vamos aclamar dentro de dias e que são nossos pontífices entre Cristo e a sua Igreja de Vila Nova de Anha: S. Tiago, o amigo de peito de Jesus (talvez esta particularidade de ser amigo íntimo de Jesus nos alcance singulares benefícios, pese embora, no céu não ser permitido o fator cunha); S. José, o pai putativo do Filho de Deus e Santo António, o santo mais popular de todos os santos populares (pagodeiro e dado ao pagode, mas de muita seriedade e santidade de vida). Mas permitam-me um pequeno grande reparo! Precisamos urgentemente de recuperar a dimensão cristã das festas, sem nos deixarmos embalar apenas pelo aspeto lúdico e profano (para não dizer pagão) das mesmas. É certo que não devemos perder certas tradições e costumes associadas às festas, nem tampouco a convivialidade e a diversão, mas o que é certo, também, é que não devemos descurar a dimensão religiosa e litúrgica das mesmas. Essa dimensão é que dá consistência à outra e não o contrário. Para ser mais concreto, causa certa impressão o desequilíbrio financeiro e económico entre estas duas dimensões, na grande parte das romarias que se fazem por todo o Alto Minho nesta altura do ano, Vila Nova de Anha incluída. É necessária uma maior equidade, rigor, seriedade e bom senso na gestão das ofertas dos fiéis. São esmolas do povo simples, que, em muitos casos, correspondem a pequenas renúncias daquilo que é essencial ao quotidiano da vida para que não se deixem de cumprir as tradições daquilo a que chamam “a nossa festa”. Sempre foi verdade o “ditote” popular que diz que as grandes obras da Igreja, festas incluídas, se fazem geralmente com as esmolas dos pobres e os conselhos dos sábios! O Evangelho e a prática da fé cristã, devem corresponder e brilhar nestes dias que se aproximam. A nossa terra quer fazer festa, sim! Exige-a, até. Mas na justa medida da racionalidade e da fé. Todos lucraremos com isso e Deus se alegrará e partilhará da sua alegria connosco que escolhemos santos alegres, mas austeros, para proteger, abençoar e interceder. Votos de bom trabalho, à esforçada Comissão de Festas, votos de boa saúde, de paz e de felicidade a todos os anhenses residentes, emigrantes e forasteiros que nos visitam e votos de festas felizes para todos! Pe. Alfredo Domingues de Sousa, Pároco de