Notícias
  • project
  • project
MENSAGEM DE PÁSCOA 20202020-04-10
Caros amigos Aproximam-se os dias da Páscoa. Todos pressentimos como estes dias vão ser tão diferentes, seja nas famílias, que neste tempo se reúnem, seja nas tradições religiosas que marcam a nossa identidade cultural e social e, sobretudo, na celebração da nossa fé. Este ano, as celebrações litúrgicas da Páscoa acontecerão em igrejas vazias, onde as comunidades estarão presentes, não fisicamente, mas através dos meios de comunicação. E, sobretudo, através da comunhão da intenção e do desejo de nos encontrarmos de novo, o mais rapidamente possível. A Páscoa deste ano terá como pano de fundo palavras difíceis como medo, incerteza, solidão, ausência, distância. São as palavras que constituem o cenário da oração de Jesus no Jardim das Oliveiras, como estação primeira de uma Via-Sacra, um Caminho Sagrado. Estes tempos constituem-se como a Primeira Estação, que vivemos com Jesus, o Filho de Deus, na escuridão da noite e no medo do que virá a acontecer. Na solidão dos que Lhe são queridos e na ameaça do desconhecido. É Jesus, caído por terra, que assume sobre Si o peso e a dor da humanidade toda e de cada um de nós. E é aí que começamos a entender, na fé, o caminho que se começa a desenhar. Jesus mostra o amor e a proximidade do Pai precisamente nos lugares onde ninguém quereria estar. Onde ninguém deveria estar. E é aí, nesse lugar de sombras, que se desenha a luz da confiança: “Não o que Eu quero, mas o que Tu queres” (Mc 14, 36). O querer de Deus em relação aos seus filhos e filhas é que nunca nos sintamos abandonados. Por isso, Ele irá percorrer connosco o caminho da Cruz, para chegar à Vida e à Ressurreição. Ao mesmo tempo que vivemos o Getsémani, entramos também no jardim onde a Páscoa acontece com outra força: o nosso coração, a intimidade das nossas casas e comunidades, nos círculos mais restritos. Não viveremos as grandes e vistosas celebrações da Páscoa, que nos fazem tanta falta. Mas celebraremos nas catedrais que levantamos dentro de nós, através da oração pessoal, em família, com a riqueza e profundidade que os gestos simples e quotidianos nos trazem. Este ano, a Páscoa será a Páscoa dos simples e dos pequenos. Uma Páscoa interior, sentida, partilhada na intimidade. Regressamos a um lugar original, um Cenáculo, a sala de jantar onde o pão se partiu pela primeira vez e onde, também pela primeira vez, se ouviu o grito que deu significado a tudo: “Vi o Senhor!” (Jo 20, 18). Santa e Feliz Páscoa do Senhor para todos vós e para os vossos. Pe. Alfredo Sousa, Pároco de São Tiago de Vila Nova de Anha